Biofuturos: a Bioeconomia como Vetor de Desenvolvimento para o Brasil
Por Carla Hoffmann, CEO da AWA Growth e fundadora do Movimento Nova Economia


A discussão sobre novos modelos de desenvolvimento tem ganhado força no Brasil e no mundo. No caso da Amazônia, essa pauta se organiza a partir da bioeconomia, entendida como o uso sustentável da biodiversidade para gerar produtos, serviços, renda e emprego, de forma alinhada à conservação ambiental e ao fortalecimento das comunidades.
Essa abordagem não é uma teoria distante. Ela já aparece em experiências concretas conduzidas por comunidades, empreendedores, empresas e instituições científicas que atuam no território amazônico. E agora ganha uma estrutura capaz de ampliar escala e articulação.
Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia
Inaugurado em Belém, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia foi criado para apoiar o desenvolvimento tecnológico e produtivo baseado na biodiversidade da floresta.
Com 6 mil m² distribuídos entre laboratórios, espaços de coworking, incubadoras e uma área industrial, o Parque reúne ciência, tecnologia e saberes tradicionais, oferecendo equipamentos e estrutura para o desenvolvimento de produtos e negócios sustentáveis.
Ele desempenhará um papel relevante durante a COP30, ao sediar debates, demonstrações, experiências e articulações estratégicas.
Além disso, o Parque tende a fortalecer a economia regional: estudos apontam que a bioeconomia pode adicionar R$ 40 bilhões ao PIB da Amazônia Legal e gerar mais de 830 mil empregos, sem a necessidade de desmatamento.
Casos como o do açaí e da castanha-do-pará já mostram esse potencial, movimentando milhões de dólares em exportações e fortalecendo cadeias produtivas locais.
Inovação no Contexto da Bioeconomia
No campo da bioeconomia, inovação significa desenvolver soluções que respeitem a lógica dos ecossistemas e que sejam compatíveis com a realidade das comunidades e dos arranjos produtivos locais.
Muitos dos avanços têm surgido da combinação entre pesquisa científica, conhecimento tradicional e capacidade empreendedora de quem vive a floresta no dia a dia. Nesse sentido, laboratórios, programas de incubação e espaços de experimentação, como os oferecidos pelo Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, permitem testar formulações, desenvolver novos materiais, validar protótipos e estruturar modelos de negócio sustentáveis.
A inovação também aparece na forma de organização das cadeias: o fortalecimento de cooperativas, modelos de produção descentralizada, sistemas de comércio justo e contratos que reconhecem o valor do conhecimento tradicional como parte do produto final.
Esse tipo de inovação é incremental e territorial. Ela avança à medida que se desenvolvem mecanismos de confiança, transparência, continuidade de fornecimento e acordos de longo prazo entre comunidades, pesquisadores, empreendedores e empresas.
Em resumo, inovar na bioeconomia é fazer com que a floresta gere valor mantendo-se viva, com relações justas, produtos consistentes e processos estruturados.
Desafios para os próximos anos
Apesar dos avanços, há um ponto crítico: Muitos empreendedores dominam o conhecimento sobre a floresta, o manejo, a pesquisa e a origem dos seus produtos, mas ainda precisam fortalecer estratégias de mercado — desde posicionamento até canais de venda e comunicação.
Esse é um desafio que pode definir o ritmo de expansão da bioeconomia no curto e médio prazo.
Biofuturos: agenda de discussão do Movimento Nova Economia
O Movimento Nova Economia, alinhado a esse contexto, realiza a edição Biofuturos, discussão entre lideranças públicas com a presença do Secretário de Meio Ambiente do Estado do Pará, Secretária de Bioeconomia, e lideranças do setor privado como C-levels de Algar, Natura, Fundo Vale, negócios Bioeconômicos que já alcançam escala como Dengo e 100% Amazônia, e outras organizações para ampliar o debate sobre os caminhos da bioeconomia.
O evento organiza sua programação em três eixos:
A Bioeconomia como Estratégia de Desenvolvimento
Debate sobre políticas públicas, como o Plano Estadual de Bioeconomia e o papel do Parque na consolidação dessa agenda.Soluções para Escalar a Bioeconomia
Discussão com empresas, comunidades e startups sobre modelos de negócio e formas de ampliação de produção sem descaracterizar a lógica da floresta.
Aqui, vale ressaltar que escala na Amazônia não se define por monocultura, e sim pela multiplicidade de usos de um mesmo território.Startups e Empreendedorismo Bioeconômico
Apresentação de negócios que já validaram produtos, fecharam parcerias com grandes empresas e acessaram novos mercados.
Alguns programas de aceleração mostram taxas de mortalidade baixas e resultados consistentes.
Conclusão
O avanço da bioeconomia depende menos de ideias inéditas e mais da capacidade de conectar esforços que já existem: conhecimento tradicional, pesquisa científica, empreendedores locais, políticas públicas, instrumentos e empresas que querem investir no tema.
BioFuturos contribui justamente para isso: criar alinhamento estratégico, visibilidade e diálogo entre quem produz, quem apoia e quem compra.
Carla Hoffmann
CEO da AWA Growth
Fundadora do Movimento Nova Economia
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